Hoje é segunda-feira e ficou para trás mais um fim de semana cheio de bola, para todos os gostos. Para o presente artigo, três jogos distintos, de três ligas díspares de realidades e mentalidades que contrastam e que contam histórias também elas desiguais.
Comecemos no
sábado com o derby de Merseyside em casa dos azuis de Liverpool, o Everton. Uma
partida incrível, talvez o melhor encontro da presente edição da Barclays Premier
League: pelo ambiente, pela emoção, pela rivalidade, pelos golos, pela
intensidade. Sim, porque em termos técnicos e tácticos, o futebol inglês está
longe dos píncaros de uma Bundesliga ou de uma La Liga. A quantidade de passes
errados é assombrosa, as oportunidades desperdiçadas são recorrentes e os erros
defensivos são constantes. Mas a verdade é que a intensidade colocada em cada
lance é monstruosa. Que o diga Luís Suarez que ficou com a marca da bota de
Mirallas no joelho.. cartão amarelo e não se fala mais nisso! Segue jogo. E
segue muitas vezes, muitas vezes erradamente, muitas vezes sem se perceber bem como.
Segue porque não se queima tempo, porque ambos jogam para ganhar, porque cada
jogador tenta ser mais intenso que o adversário e porque a mentalidade
determina a magnificência do jogo. Mas segue, o jogo flui e o espectáculo continua!
Ganha o futebol, ganha a Premier League, cuja imprevisibilidade e emoção estão
sempre garantidas, jornada após jornada.
Porque se
quisermos falar de bom futebol, e porque a Premier League é um grande espectáculo
mas poucas vezes temos oportunidade de assistir a jogos bem jogados, damos um saltinho ao Signal Iduna
Park, na Alemanha. Talvez as duas equipas que melhor futebol praticam na Europa.
O Bayern foi melhor e venceu bem mas o resultado é enganador, visto que o
Borussia teve as suas chances. Mas o que importa realçar é que é ali que o
futebol é realmente valorizado, é um jogo de Champions, com todos os
ingredientes que podem ditar o jogo do ano, com jogadores que fazem a diferença
e com intervenientes responsáveis a todos os níveis do jogo. O Dortmund perdeu
0-3 e saiu com uma ovação tremenda. Não custa tanto assim.
Em Liverpool é
o lado emocional que é levado ao expoente máximo, em Dortmund, por outro lado,
qualquer céptico acredita que o futebol bonito e vistoso, que é ao mesmo tempo
pragmático e intenso, continua vivo e de
boa saúde, em Guimarães… bem, aí até um cego chora. Como se o estado lastimoso
do relvado não fosse o bastante, a falta de qualidade e intensidade de alguns
dos intervenientes do jogo da noite passada é gritante. Tenho cada vez mais
dificuldade em acompanhar jogos da liga Zon Sagres, confesso. E acho que o que
me faz perder a vontade e a paciência é a mentalidade e a forma de encarar os
jogos por parte das equipas. Das três. Dirigentes, treinadores, jogadores e
juízes. Porque o jogo pára a cada 30 segundos, porque o tempo jogado é escasso
por força do tempo perdido propositadamente, porque os jogadores procuram
constantemente a falta e porque cada um que cai agarra a bola e conquista a
falta. Ontem em Guimarães custou-me acompanhar o jogo, e os impropérios foram
uma constante.
Mais, a
hipocrisia e a falsa inocência dos anjinhos cuja culpa nunca assumem, cada vez
me afasta mais da realidade medíocre que é o futebol nacional.
Rafael Maçãs
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